sábado, julho 19, 2008

Segurança a que custo?

Desde os acontecimentos de 11 de Setembro muita coisa mudou. Foi erguida uma bandeira de luta contra o terrorismo e desde então passou a valer tudo. Em nome desta guerra, os direitos de cada cidadão foram-se desvanecendo em nome de um bem comum superior: a segurança.

Mas será que vale realmente a pena prescindirmos de um dos nossos maiores direitos em detrimento da segurança? Pelos vistos Thomas Jefferson, acreditava que não:

"Those who desire to give up freedom in order to gain security will not have, nor do they deserve, either one."

Estámos a caminhar lentamente para um mundo completamente informatizado onde tudo existe sobre a forma de zeros e uns. Quer gostemos, quer não, é uma questão de tempo até isso acontecer e nada podemos fazer para alterar isso. O grande problema é que juntamente com isto surgem cada vez uma maior invasão de privacidade sem qualquer restrição.

Por exemplo, na Suécia foi aprovada recentemente uma nova lei que leva à crição da chamada "Swedish National Defence Radio Establishment" que tem a função de controlar todo o tráfego da internet e outras comunicações que passe pelo território Suéco com vista à procura de informações terroristas importantes.

Que importa se isto viola a privacidade do cidadão? Que importa se vai contra os princípio democráticos de que toda a gente é inocente até ser provado o contrário? Que importa se vai mesmo contra o oitavo artigo da Declaração Universal dos Direitos do Homem?

Quando falo em privacidade não estou a referir-me a que eles saibam que mandei um email a alguém a dizer que no dia a seguir levava os apontamentos de Matemático, falo sim em terem acesso a tudo aquilo fazemos bastando para isso quererem consultar os dados. Deixámos a partir deste momento de ter alguma coisa pessoal para passar a ser tudo partilhado com governos que entenderão fazer com isso o que bem quiserem. Quem garante sequer que a informação é guardada de forma segura?

Deixámos à muito de ter o que chamámos de liberdade. Temos apenas uma liberdade muito parcial que a continuar assim poderá muito bem desaparecer totalmente. Passaremos a ser totalmente vigiados e todas as acções passam a ser condicionados sobre o efeito de sofrer repressálias.

Infelizmente, muita gente não quer saber disso e está disposta a abdicar dela para poder viver num clima de segurança. Quando se aperceberem de que estão a viver já num regime praticamente ditatorial onde deixaram de ter expressão, irão aperceber-se do enorme erro que foi prescindido dela no passado.

Um dos exemplos mais claros e que mais criticas levantou foi o da incorporação de um chip em todos os computadores que iria mediar todas as comunicações ente utilizador - hardware - software. Basicamente, se quiséssemos instalar algum programa, teríamos que ter "visto verde" do chip para tal, deixando de ter controlo sobre o nosso próprio computador. Aonde isto levaria? Não sei, mas é preocupante ver as grandes márcas de hardware e software e unirem forças para levar isto em frente, em nome do combate à pirataria.

Pergunto-me se caso isto seja realmente levado avante, o que poderia acontecer ao mundo GNU/Linux. Será que os milhares de programas feitos gratuitamente pela comunidade iriam ser aceites aqui ou chegaríamos ao ponto em que o seu acesso seria bloqueado obrigando a adquirir as soluções pagas das grandes companhias? Certamente que não seria difícil fazer isso...

O texto já via longo e o tema é mesmo muito complexo, mas acho que dá para perceber que nem tudo tem de ser tão linear como quem fazer-nos crer. O terrorismo é um problema grave que exige medidas igualmente fortes, mas não devemos deixar levarem-nos os nosso direitos de ânimo leve sem pensar nas consequências.

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